Serviço Geológico do Brasil alerta que rios do Amazonas devem ter cheia menos intensa em 2024

Terça-feira, 02 de abril de 2024

Serviço Geológico do Brasil alerta que rios do Amazonas devem ter cheia menos intensa em 2024

1º Alerta de Cheias do Amazonas, realizado nesta terça-feira (2) pelo SGB, indica que cenário é combinação da seca severa de 2023 com chuvas abaixo da média para o período

Pesquisadora Jussara Cury apresentou previsões durante evento promovido na Superintendência de Manaus (Foto: Carla Machado/SGB)
Os rios Negro, Solimões e Amazonas devem enfrentar uma cheia menos intensa neste ano. É o que indicam informações do 1º Alerta de Cheias do Amazonas, realizado nesta terça-feira (2) pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), com o objetivo de apoiar o planejamento de ações para o período. As previsões, com antecedência de 75 dias para o pico da cheia, contemplam os municípios de Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins, onde vivem mais de 2,3 milhões de pessoas. O evento ocorreu na Superintendência de Manaus (SUREG-MA).

“Para este ano, esperamos que as cotas máximas dos rios do Amazonas fiquem muito próximas às médias históricas em Manaus e Manacapuru. Em Itacoatiara e Parintins, as projeções indicam níveis abaixo do esperado para época e sem ultrapassar a cota de inundação”, explicou a pesquisadora em geociências do SGB Jussara Cury. “Podemos destacar, por meio dos modelos de previsão, que a cheia de 2024 no Amazonas não será de grande magnitude”, completou.

Esse cenário é resultado da seca severa que afetou a região em 2023 e das chuvas abaixo da média, que têm dificultado a recuperação dos rios. “Esse último ano foi um ano de seca severa na Região da Amazônia, com grandes prejuízos para a navegação, o setor produtivo e também para a biota aquática”, ressaltou a diretora de Hidrologia e Gestão Territorial, Alice Castilho.

Segundo as previsões (com 80% de intervalo de confiança), o Rio Negro deve atingir 27,21 m em Manaus, com possibilidade de chegar à máxima de 28,01 m. “O que representa uma cheia dentro da normalidade”, observou a pesquisadora Jussara Cury. A probabilidade de superar a cota de inundação (27,5 m) é de 32%. Para a cota de inundação severa (29 m), essa probabilidade é de 17,03%, e a chance de chegar à cota máxima (30,02 m em 2021), é de 0,02%.

Gráfico apresenta o nível que o Rio Negro deve atingir em Manaus durante o período de cheia(Fonte: SGB)
Já em Manacapuru (AM), o Rio Solimões deve ficar na marca de 18,31 m, com possibilidade de variar até 19,01 m. De acordo com o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio alcance a cota de inundação (18,20 m) é de 58%, e a de inundação severa (19,60 m) é de 6,5%. A chance de superar a cota máxima (20,86 m em 2021) é baixa.

Rio Amazonas terá níveis abaixo da média

Para Itacoatiara (AM), a previsão é que o Rio Amazonas atinja 13,06 m, com possibilidade de chegar à máxima de 13,57 m. A probabilidade de superar a cota de inundação (14 m) é de 29%, e a cota de inundação severa (14,2 m) é de 4,1%. Segundo os modelos de previsão, é muito baixa a probabilidade de superar a cota máxima (15,2 m em 2021).

Em Parintins, o Amazonas deve atingir 7,14 m, com possibilidade de chegar à máxima de 7,58 m. “A probabilidade de superar a inundação (8,43 m) é de 0,46% e mais baixa ainda de superar inundação severa (9,3 m) e a máxima (9,47 m em 2021)”, disse Jussara Cury durante o 1º Alerta de Cheias do Amazonas.

Fim do El Niño

As previsões climatológicas, divulgadas pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), indicam que as chuvas na Região Amazônica podem retornar à normalidade com o fim do El Niño. A chegada do fenômeno climático, em junho do ano passado, alterou os padrões de chuva no país.

“O El Niño está em declínio e cada vez mais fraco. A previsão para o próximo trimestre, de abril a junho, é de chuva dentro da normalidade em boa parte da Amazônia Legal”, afirmou o meteorologista do Censipam Gustavo Ribeiro. No noroeste do Amazonas, na região da Cabeça do Cachorro, no Alto Rio Negro, as projeções indicam chuvas acima da média.

 Em 2023, Manaus sofreu a maior seca em 121 anos (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
No final do semestre, haverá um período de neutralidade, isto é, sem a presença de fenômenos climáticos. “No segundo semestre do ano, a maioria dos modelos indicam uma possível chance de termos La Niña, que é o inverso do El Niño e intensifica as chuvas na Amazônia”.

O que é o Alerta de Cheias do Amazonas?

O Alerta de Cheias do Amazonas apresenta previsões geradas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) a partir do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas (SAH Amazonas), em operação desde 1989. “É o primeiro Sistema de Alerta Hidrológico que começamos a operar. Atualmente, já estamos com 17, que atendem 84 municípios”, contextualizou a diretora Alice Castilho.

No Alerta, são divulgadas as previsões de cotas máximas a serem atingidas nos municípios de Manaus (Rio Negro), Manacapuru (Rio Solimões), Itacoatiara (Rio Amazonas) e Parintins (Amazonas). As informações são divulgadas em três etapas, com antecedência de 75, 45 e 15 dias para o pico das cheias, que ocorrem em meados de junho nesses municípios.

Prevenção de desastres

O superintendente de Manaus, Marcelo Motta, enfatizou o compromisso do SGB em gerar dados que possam apoiar as ações para prevenção de desastres, de modo a salvar vidas e evitar perdas materiais. “Nossos técnicos e parceiros têm se dedicado para gerar dados que venham a ser usados pelas defesas civis e pelos governos estadual e municipais para antecipar as ações e planejar o volume de recursos que precisará ser empregado”.

O trabalho é ainda mais necessário diante da mudança do regime de eventos extremos, conforme apresentou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Jochen Schongart: “Podemos observar que temos um aumento exponencial da situação de emergência nas últimas décadas, causada principalmente pelo regime das cheias severas, que causaram uma situação de emergência 29% maior, em comparação com todo o século anterior”. Schongart também pontuou que, desde 1980, aumentou em 26% a área máxima inundada na calha do Rio Amazonas, causando impactos em comunidades ribeirinhas.

Durante a participação, o secretário adjunto da Defesa Civil Estadual, Clovis Araújo, falou que as apresentações forneceram um panorama relevante do que será enfrentado nos próximos meses. Araújo finalizou dizendo: “Os eventos extremos acontecerão cada vez com mais frequência. Nós temos que nos adaptar e somar esforços no planejamento e execução para diminuição dos impactos junto à população”.

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