RS: níveis dos rios permanecerão elevados por mais alguns dias

Domingo, 05 de maio de 2024

RS: níveis dos rios permanecerão elevados por mais alguns dias

O monitoramento histórico, que remonta a 1939, indica que a região está enfrentando a maior enchente já registrada, superior até a inundação de 1941


Foto: Divulgação CNN

Porto Alegre enfrenta uma situação crítica com o aumento dos níveis dos rios da região, com previsão de estabilização demorada mesmo que não ocorram novas precipitações. Segundo o superintendente regional do Serviço Geológico do Brasil (SGB) em Porto Alegre, o engenheiro hidrólogo Franco Buffon, os rios Jacuí e Gravataí ainda estão em processo de elevação e o escoamento das águas até a capital gaúcha pode demorar alguns dias, com a expectativa de que os níveis se mantenham altos por pelo menos dois ou três dias.

Os rios da região metropolitana de Porto Alegre, incluindo o Guaíba, Sinos e Gravataí, estão significativamente cheios devido ao grande volume de chuvas recentes. O monitoramento histórico, que remonta a 1939, indica que a região está enfrentando a maior enchente já registrada, superior até a inundação de 1941. Mesmo após a parada das chuvas, a redução dos níveis de água será um processo lento.

Chuvas recentes mantêm níveis elevados

Apesar de uma leve desaceleração no ritmo de elevação dos rios, chuvas fortes ocorridas na madrugada na bacia do rio Taquari e outras áreas contribuem para a manutenção dos níveis elevados. Estas chuvas adicionais retardam a descida dos níveis, prolongando o período de inundação e elevação dos rios.

Impacto urbano e ações de mitigação

Além do aumento direto dos rios, dentro dos municípios a situação é agravada por fatores urbanos como entupimento de bueiros e acúmulo de lixo nas ruas, que exacerbam os alagamentos nas áreas municipais. Franco enfatiza a importância de práticas sustentáveis, como a proibição de despejos irregulares e construções em áreas de risco, como encostas e proximidades de rios, para minimizar os impactos nas áreas urbanas.

Essas medidas podem não deter completamente o avanço das águas em eventos de grande magnitude, mas são essenciais para prevenir e mitigar os danos em áreas críticas dentro dos municípios. A gestão territorial e a conscientização da população são fundamentais para enfrentar esses desafios recorrentes de enchentes na região.

El Niño

O fenômeno climático conhecido como El Niño, juntamente com a interação entre massas de ar e um bloqueio atmosférico, causou um forte impacto climático no Brasil até meados de abril, com especial ênfase nos estados do Sul. Essa situação atmosférica impediu o avanço de frentes frias e resultou na formação de um sistema de baixa pressão no centro do país, conforme explicou Buffon.

Ele destacou que, apesar das previsões indicando um volume significativo de chuvas para áreas como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, as chuvas que ocorreram no início da semana superaram as expectativas, surpreendendo muitos, mesmo com avisos prévios e preparação das equipes de defesa civil.

"A previsão meteorológica tem limitações, principalmente para eventos extremos com antecedência superior a cinco a sete dias", disse. "Contudo, as atualizações diárias dos modelos permitiram alertas tempestivos para as defesas civis agirem preventivamente”, completou.

Apesar do cenário devastador, o superintendente ressalta a eficácia das ações de defesa civil. "Embora tenhamos enfrentado uma tragédia de grande escala, as iniciativas de resposta rápida ajudaram a minimizar o número de vítimas", afirmou.

Buffon concluiu enfatizando a importância do trabalho contínuo dos órgãos de gestão de emergência e a necessidade de revisar e adaptar as estratégias de enfrentamento para eventos futuros. A entrevista serviu para esclarecer os fatores por trás das inundações e para reconhecer os esforços em curso para reduzir seu impacto.

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