Geógrafos do Serviço Geológico do Brasil compartilham motivações para exercer a profissão

Segunda-feira, 29 de maio de 2023

Geógrafos do Serviço Geológico do Brasil compartilham motivações para exercer a profissão

No Dia do Geógrafo, celebrado neste 29 de maio, profissionais revelam paixão e motivo da escolha pela profissão, contam histórias e falam dos mitos e verdades sobre a atuação

Eles estão no campo, realizando reconhecimentos, levantamentos, estudos e pesquisas. Nas escolas, ensinam adolescentes nos ensinos fundamental e médio sobre a leitura geográfica do espaço, abordando a interação entre a natureza e a sociedade. Nas universidades, atuam entre laboratórios e salas de aula ajudando a formar novos professores e pesquisadores, além também de atuarem na emissão de pareceres técnicos fundamentais a diversos seguimentos da sociedade, como planejamento urbano e avaliação sobre impactos socioambientais. Eles são os geógrafos, que neste 29 de maio celebram o dia da profissão.


Geógrafo Marcelo Dantas se destaca como um dos profissionais de referência do Serviço Geológico do Brasil. Foto: Arquivo pessoal

A data foi instituída em 1936, a partir da criação do atual Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo oficialmente estabelecida por meio da Lei Nº 6.664, de 26 de junho de 1979, que regulamenta a profissão. Em homenagem, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) convidou dois geógrafos de referência na instituição para contar suas histórias, falar da relação da profissão com a vida pessoal e também compartilhar motivações para seguir a carreira entre a licenciatura ou bacharelado, seja como pesquisador, professor ou atuando tecnicamente.

Marcelo Eduardo Dantas é um dos dez geógrafos do SGB, sendo o profissional da área que atua há mais tempo na instituição, há 26 anos, que coincide com o tempo que se dedica à Geografia. Teve suas formações acadêmicas concluídas entre 1991 e 1995, período em que recebeu os títulos em bacharelado, licenciatura e mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dois anos após, em 1997, iniciou a sua trajetória no SGB como analista em geociências, lotado no Escritório do Rio de Janeiro, hoje atuando na Divisão de Gestão Territorial (DIGATE) da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT).


Paixão da infância, herdada de pai para filha

Dantas conta que a paixão pela profissão vem da infância. Hoje aos 52 anos, relembra que desde de criança é aficionado por mapas, descrições, relatos e crônicas de lugares e paisagens no Brasil e no mundo. A partir daí a escolha pela profissão foi uma decisão natural, segundo afirma. Desde que se formou e passou a atuar como pesquisador, vem acumulando experiências em áreas das Geociências com ênfase em Geografia Física, atuando principalmente em temas como geomorfologia, níveis de base locais, estocagem de sedimentos, mudanças ambientais e ciclo do café.


Paixão de Marcelo Dantas pela geografia inspirou a filha, Helena, que é geógrafa e atua como professora. Foto: Arquivo pessoal

O geógrafo também falou sobre inspirações na carreira, sobretudo como professor – além de pesquisador do SGB, Dantas atua como professor-assistente no Centro Universitário Augusto Motta. Entre as inspirações que mais marcou a sua vida foi ver sua filha, Helena, se tornar uma profissional em geografia, formada pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), com especialização em Educação em Geografia e atualmente trabalhando como professora na mesma área.


O que faz um geógrafo?

Contextualizando a profissão, Dantas explica que os geógrafos trabalham com a interface entre as Ciências Humanas e as Ciências da Natureza, com o intuito de compreender as transformações que ocorrem no espaço geográfico ao longo do tempo, em diversas escalas de
análise: do local ao global. Além disso, segundo esclarece, também avaliam as ações no meio ambiente e na sociedade, por meio de uma complexa e sofisticada análise espacial, que abrangem questões geomorfológicas, climáticas, políticas, sociais e econômicas e de uso e
ordenamento do território.

“O olhar geográfico tem sido relevante para o alcance socioeconômico e aplicado dos estudos de gestão territorial empreendidos pelas universidades públicas e pelos diversos institutos públicos de pesquisa em todo o país”, enfatiza Dantas ao falar sobre o exercício da profissão.Para os jovens estudantes que sonham em ser geógrafos, Dantas aconselha que o mais importante é gostar de geografia. “É necessário apreciar diversas áreas do conhecimento científico para melhor compreender o mundo em que vivemos. Os geógrafos são herdeiros dos antigos e sábios naturalistas do século XIX. Discípulos de Humboldt! Profissionais que incorporam vasto leque de conhecimento, que abrange da História e Economia à Geologia e Ecologia”, ressaltou.

Para gostar de geografia, Dantas comenta que é necessário gostar de lecionar, integrar e transmitir conhecimento, ter senso crítico sobre as desigualdades que assolam a sociedade e buscar formas de resolver todas as questões socioambientais colocadas à sua frente. “Como todo professor, o geógrafo deve gostar de contar histórias, especialmente sobre mapas, lugares e paisagens. Por fim, para gostar de geografia, é necessário sempre priorizar uma abordagem espacial em seus estudos. Tem que gostar de mapas e de trabalhos de campo”, complementa ao falar das motivações para optar pela profissão.

Nas redes sociais do SGB, em publicações em homenagem à data, Marcelo Dantas também comentou sobre as verdades e mitos da profissão. Para conferir, basta clicar aqui.


Da escola à carreira profissional

No caso da geógrafa Patrícia Simões, a escolha por geografia foi porque sempre se identificou com a disciplina na escola. “Eu gostava de entender o mundo, do ponto de vista econômico e social, e a geografia trabalha isso”, disse. Ela também conta que é uma grande apaixonada por viagens e por fotografia e que, nas férias, sempre viaja para fotografar e conhecer paisagens novas. Sendo assim, algumas viagens de lazer são parecidas com as viagens para trabalho em campo, segundo descreve a profissional.


Patrícia Simões e Marcelo Dantas ao lado da colega geóloga Marcely Machado durante trabalho de campo. Foto. Arquivo pessoal

Patrícia Simões é geógrafa há 19 anos. Tornou-se bacharel em 2004 e seguiu a formação em licenciatura, concluída em 2008. É mestra e doutora em Geografia e análise ambiental, com todas as titulações concedidas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Há nove anos exerce a profissão como analista em geociências do SGB, atuando na Superintendência Regional de Belém, no Pará, também lotada na DHT. Tem experiência em áreas das Geociências com ênfase em Geomorfologia e Pedologia, atuando principalmente nas áreas de riscos geológicos, suscetibilidade, ambiental, problemas urbanos e degradação ambiental.

“A minha atuação na docência me permitiu desenvolver muitas habilidades de comunicação e síntese. Agora no SGB, considero meu trabalho no projeto Suscetibilidade, na elaboração de cartas de Padrão de Relevo, um grande destaque na minha atuação, além de minha Participação no Projeto Verde Grande, pois foi um projeto integrado com muitas outras áreas: geologia, hidrogeologia, hidrologia e de muito aprendizado”, enfatizou.

A profissional do SGB avalia que a geografia permite uma análise integrada do mundo, entendendo os aspectos físicos do meio ambiente, mas também os socioeconômicos, o que permite ao geógrafo propor soluções para problemas abrangendo vários aspectos. Ela encerra com um recado direcionado aos estudantes que ainda não decidiram que área acadêmica irá cursar.

“Escolham cursar ou se especializar naquela área com a qual mais se identifica ou mais gosta. As pessoas pensam na área que é melhor visando o mercado de trabalho, só que, para o trabalho ser prazeroso e ter sucesso na carreira, temos que ter uma afinidade com nossa área
de trabalho. Eu, quando era estudante, escutei muito que geografia não era uma boa escolha. Hoje me sinto realizada e considero que tenho uma carreira de sucesso”, conclui a geógrafa.

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