Geofísicos do Serviço Geológico do Brasil explicam o terremoto ocorrido no Japão

Terça-feira, 02 de janeiro de 2024

Geofísicos do Serviço Geológico do Brasil explicam o terremoto ocorrido no Japão

Esse evento sísmico registrou magnitude 7.5 e provocou alerta de tsunami, com ondas atingindo 1,2 metros de altura


Foto: G1-Globo.com

O Serviço Geológico do Brasil (SGB), trabalha em conjunto com a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), para manter e realizar o monitoramento da atividade sísmica, utilizando estações sismográficas em todo o território nacional. Além de acompanhar eventos no Brasil, a RSBR estende seu alcance em nível global, como evidenciado na última segunda-feira (1), quando registrou o terremoto de magnitude 7.5 na costa oeste da região central do Japão. Esse evento resultou em perdas de vidas e provocou alerta de tsunami.

Os terremotos – fenômenos naturais decorrentes do principalmente do movimento das placas tectônicas na crosta terrestre – são especialmente comuns no Japão, que se situa no Círculo de Fogo do Pacífico, uma região notória por sua alta atividade sísmica. Em resposta ao recente evento, os geofísicos do SGB, Marcos Ferreira e Luiz Gustavo Pinto, concederam entrevistas a emissoras de TV e rádio para explicar os detalhes técnicos desse fenômeno e seus impactos na região.

Segundo Marcos Ferreira um terremoto com essa magnitude, particularmente no Japão – segundo país mais propenso a eventos sísmicos no mundo, sendo o primeiro o Chile – é significativo devido à convergência de quatro placas tectônicas que acumulam energia ao longo do tempo: “Mesmo em um país habituado a essas situações e que conhece a potencialidade geológica, um evento de magnitude 7.5 pode causar danos consideráveis, devido à quantidade expressiva de energia liberada”, destacou.

Ferreira também explicou que, em referência à evolução estrutural, é comum que eventos dessa magnitude desencadeiem réplicas, geralmente de menor intensidade, embora não se possa excluir a possibilidade de eventos mais intensos no futuro. “A previsão é incerta, e estruturas que já sofreram danos podem ser mais vulneráveis a tremores de menor intensidade. No entanto, essas estruturas são projetadas para resistir a vibrações decorrentes desses movimentos, variando conforme as características de cada caso”.

Quanto à preparação das estruturas para suportar tremores, de acordo com Marcos estudos geológicos abrangentes são conduzidos em diferentes regiões para compreender as potencialidades de cada área. O Japão, por exemplo, antecipa vibrações distintas em comparação com Brasil e Portugal. Países cientes da ocorrência frequente de eventos sísmicos de grande magnitude têm uma ideia do nível de vibração esperado, embora surpresas possam ocorrer devido à limitada compreensão da história geológica com monitoramento constante. As normas de construção civil são formuladas considerando esse tipo de evento, estabelecendo níveis de segurança elevados.

Já Luiz Gustavo Rodrigues Pinto esclareceu que qualquer movimentação de massa no leito oceânico pode desencadear a formação de tsunamis, seja por um terremoto ou pelo deslizamento de blocos gigantes no fundo do mar. Nas regiões costeiras do Japão, esses eventos sísmicos são mais frequentes, especialmente quando ocorrem em baixas profundidades geológicas, podendo provocar perturbações no leito marinho. Especialmente quando essas movimentações ocorrem verticalmente, causam um deslocamento de água que gera uma onda que se propaga em todas as direções.

Ele comentou ainda que o recente tremor também foi identificado pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR). “As réplicas, inerentes a qualquer terremoto no Japão ou em qualquer parte do mundo, são resultado do alívio de pressão na litosfera, após eventos de tal magnitude. Minutos antes desse sismo de 7.5, já havia ocorrido um tremor de 5.5 na mesma região. A duração das réplicas é imprevisível; no caso do terremoto de 2011, em Fukushima, houve relatos de uma réplica três anos após o evento principal”, ressaltou.

“Quanto à estabilização das placas tectônicas, não é possível prever tal ocorrência, pois as placas estão em movimento constante devido à dinâmica do planeta. A estabilização completa das placas é uma impossibilidade, dada a natureza intrinsecamente móvel da litosfera terrestre”, concluiu Luiz Gustavo.


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