Dia do Mercosul: Cooperação técnico-científica entre países fortalece desenvolvimento da região

Terça-feira, 26 de março de 2024

Dia do Mercosul: Cooperação técnico-científica entre países fortalece desenvolvimento da região

Nesta terça-feira (26), data em que se celebra o Dia do Mercosul, o Serviço Geológico do Brasil destaca a importância de projetos estratégicos entre as nações vizinhas


O Dia do Mercosul (26) é uma data importante não apenas para celebrar a aliança econômica e política entre os países sul-americanos, mas também para destacar o papel da cooperação técnico-científica como indutor de desenvolvimento na região. Nesse sentido, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) apresenta os principais projetos, que promovem avanços na compreensão e gestão dos recursos naturais compartilhados.

“As ações desenvolvidas em parceria com instituições geocientíficas de países vizinhos são fundamentais para ampliar o conhecimento sobre as riquezas da região e garantir a sua soberania. Nós do SGB buscamos unir forças e compartilhamos nossas expertises técnicas e tecnologias com instituições e pesquisadores para estruturar nossos países, garantindo que sejamos cada vez mais competitivos no cenário internacional”, afirmou o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo.

O Mercosul é uma organização internacional criada em 1991 com o objetivo de integrar as economias e os mercados de seus membros para ampliar a competitividade no comércio internacional. É formada por Argentina, Brasil, Paraguai e Venezuela – que, no momento, está suspensa do bloco – e possui os estados associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.

O bloco assume grande potencial em diversas áreas, devido à diversidade geológica e biodiversidade do território, que soma quase 15 milhões de km². Além disso, possui um importante mercado consumidor com um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 3 bilhões de dólares e população de quase 300 milhões de pessoas.

Raízes na história da mineração brasileira

Embora o Mercosul tenha sido fundado oficialmente no final do século 20, as raízes da integração regional remontam ao período colonial e à história da mineração brasileira, como relata o assessor de Assuntos Internacionais (Assuni), Rafael Duarte: “A descoberta de ouro em Minas Gerais no século 18 iniciou o Ciclo do Ouro e as rotas de abastecimento que se estabeleceram nesse período lançaram as bases para a formação de um bloco econômico regional na América Latina”.

Duarte acrescenta que, na época, utilizava-se a Rota dos Tropeiros, a Estrada Real, o Caminho de Córdoba e de Peabiru, além de entrepostos marítimos em Buenos Aires, Santos, Rio de Janeiro e na Colônia de Sacramento. “Essas rotas de comércio e o intercâmbio cultural ligados à mineração de ouro e pedras preciosas podem ser consideradas o embrião da integração regional e do que hoje é conhecido como Mercosul. A necessidade de escoar o ouro e de abastecer as cidades mineiras impulsionou a criação de uma rede de relações comerciais entre diferentes regiões da América Latina, conectando o Brasil colonial ao Rio da Prata, Paraguai e outras regiões”, afirma.


Nos tempos atuais

Com o objetivo de descobrir os potenciais relativos às geociências, pesquisadores do SGB têm trabalhado na atualização da base de dados de recursos minerais da América do Sul(projeto coordenado por Brasil e Argentina), na atualização do Mapa Metalogenético da América do Sul (coordenado pelo Equador) e na criação do banco de dados de Minerais Críticos da América Latina (coordenado pela Argentina).

Essas iniciativas são essenciais para o planejamento estratégico dos países e para a tomada de decisões relacionadas às atividades do setor mineral. O projeto sobre minerais críticos abre ainda oportunidades de investimentos para a região e pode tornar os países protagonistas no fornecimento de minerais essenciais para indústrias-chave, como tecnologia e energia limpa.

Recursos hídricos

Em termos de recursos hídricos, a América do Sul possui riqueza incomparável. Na região, está a maior bacia hidrográfica do mundo: a Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas. O rio nasce no Peru, passa pela Colômbia, corta o Norte do Brasil e deságua no Oceano Atlântico. Há também a Bacia Hidrográfica do Rio da Prata, a quinta maior do mundo e segunda maior do continente sul-americano, com grande potencial hidrelétrico e trechos propícios à navegação.

Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas é a maior do mundo (Foto: Marcio Isensee e Sá/ Adobe Stock)
Quando o assunto são as águas subterrâneas, na região está um dos maiores reservatórios: o Aquífero Guarani, que ocupa 1,2 milhão de km² e abrange partes dos territórios de Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil. Há outros sistemas de aquíferos transfronteiriços, como os sistemas aquíferos Yrenda–Toba–Tarijeño, Pantanal, Água Doce, Caiuá/Bauru-Acaray, Aquidauana–Aquidabán, Serra Geral, Guarani e Permo-Carbonífero.

Projetos

Para ampliar o conhecimento sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos, o SGB e outros países desenvolvem projetos em comum. Um deles é o Mapa Hidrogeológico da América do Sul. Dentro dessa iniciativa, há um acordo para uso do Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), desenvolvido pelo SGB, como principal software de tratamento de informações geocientíficas e padrão de cadastro de poços para águas subterrâneas.

O SGB também colaborou na elaboração do Mapa Hidrogeológico da Bacia do Rio da Prata, em parceria com instituições de Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. O estudo reúne informações e dados referentes à formação geológica, águas subterrâneas e águas superficiais, além de dados pluviométricos.

Os pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil têm ainda fornecido importantes contribuições ao Projeto de Porte Médio – Projeto Aquífero Guarani (PPM-Guarani), visando a implementação de uma rede de monitoramento de águas subterrâneas, que contribua para a gestão das águas nos quatro países (Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil). Em reuniões, o SGB já apresentou o SIAGAS como uma plataforma com potencial para se tornar o sistema de intercâmbio de informações relativas ao Aquífero Guarani.

Esses projetos são fundamentais para a conservação e uso sustentável dos recursos hídricos nos países. Ao trabalharem de forma conjunta, os países otimizam as ações e constroem soluções que podem ser aplicadas aos diferentes contextos.

As pesquisas sobre a água são essenciais não apenas para a proteção ambiental, mas para diversas atividades produtivas, já que a água é fundamental para agricultura, indústria, geração de energia e abastecimento público, sendo, portanto, um recurso-chave para o desenvolvimento econômico da região e fortalecimento do Mercosul.

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