Breve História da Terra

Breve História da Terra

03 dezembro 2016
Pércio de Moraes Branco

Nosso planeta tem 4,54 bilhões de anos. Esse longo intervalo de tempo, chamado de tempo geológico, foi dividido pelos cientistas, para fins de estudo e de entendimento da evolução da Terra, em intervalos menores, chamados unidades cronoestratigráficas: éons, eras, períodos, épocas e idades.

A palavra éon significa um intervalo de tempo muito grande, indeterminado. A história da terra está dividida em quatro éons: Hadeano, Arqueano, Proterozoico e Fanerozoico.

Com exceção do Hadeano, todos os éons são divididos em eras. Uma era geológica é caracterizada pelo modo como os continentes e os oceanos se distribuíam e como os seres vivos nela se encontravam.

O período, uma divisão da era, é a unidade fundamental na escala do tempo geológico. Somente as eras do éon Arqueano não são divididas em períodos.

A época é um intervalo menor dentro de um período. Somente os períodos das eras do éon Proterozoico não são divididos em épocas.

A idade, por fim, é a menor divisão do tempo geológico. Ela tem duração máxima de 6 milhões de anos, podendo ter menos de 1 milhão. Somente as épocas mais recentes são divididas em idades.

A essas unidades cronoestratigráficas correspondem unidades cronogeológicas, chamadas, respectivamente, eontema, era, sistema, série e andar.

O quadro a seguir mostra as três maiores divisões do tempo geológico, os éons, eras e períodos. O que aconteceu de mais importante em cada uma dessas fases da história do nosso planeta é o que se verá logo após.

É importante lembrar que os limites que marcam início e fim de períodos geológicos são aproximados e há algumas divergências entre os autores sobre essas cifras.


Escala do Tempo Geológico

ÉONS

ERAS

PERÍODOS

Fanerozoico

Cenozoico

Quaternário

Neogeno

Paleogeno

Mesozoico

Cretáceo

Jurássico

Triássico

Paleozoico

Permiano

Carbonífero

Devoniano

Siluriano

Ordoviciano

Cambriano

Proterozoico

Neoproterozoico

Ediacarano

Criogeniano

Toniano

Mesoproterozoico

Steniano

Ectasiano

Calymmiano

Paleoproterozoico

Statheriano

Orosiriano

Rhyaciano

Sideriano

Arqueano

Neoarqueano

Mesoarqueano

Paleoarqueano

Eoarqueano

Hadeano


Éon Hadeano

Fase da história da terra iniciada há 4,54 bilhões de anos, quando começou a formação dos planetas do nosso sistema solar. Terminou há 3,85 bilhões de anos, quando aparecem as primeiras rochas.

A União Internacional das Ciências Geológicas não reconhece esse éon, englobando o intervalo de tempo a que ele se refere no Arqueano. Mas, a divisão Hadeano /Arqueano é amplamente aceita por vários autores.

Éon Arqueano

O Arqueano começou há 3,85 bilhões de anos, com a formação das primeiras rochas, e terminou há 2,5 bilhões de anos. O interior da Terra, era, no início desta fase de sua história, muito quente, com um fluxo de calor era três vezes maior que hoje.

Na superfície, porém, as temperaturas não eram muito diferentes das atuais, porque, acreditam os astrônomos, o Sol era 1/3 menos quente que hoje. Das rochas formadas nesse éon, poucas existem hoje, devido às grandes transformações que a crosta terrestre sofreu desde então. São rochas principalmente ígneas intrusivas e metamórficas.

A atividade vulcânica era consideravelmente maior que hoje. Não houve grandes continentes até a fase final desse éon, apenas pequenas porções de terra que não conseguiam se unir em massas maiores dada a intensa atividade geológica do planeta. A atmosfera era rica em dióxido de carbono (CO2) e praticamente sem oxigênio.

A vida no Arqueano já existia, mas era representada provavelmente pelos procariontes, organismos unicelulares primitivos, que não apresentavam seu material genético delimitado por uma membrana. Os eucariontes, animais em que o núcleo da célula está rodeado por essa membrana, não foram identificados em rochas desse período, mas podem ter existido e não terem ficado preservados. Cianobactérias formaram “tapetes” que ficaram preservados até hoje, e que são os estromatólitos.

O Arqueano divide-se em quatro eras:

  • Eoarqueano (3,85-3,6 bilhões de anos), fase em que a Terra era ainda muito bombardeada por meteoritos.
  • Paleoarqeano (3,6 a 3,2 bilhões de anos), quando surgiram os primeiros continentes. Mais para o final desta era, pode ter se formado um supercontinente, chamado Vaalbara. Alguns cientistas acham que ainda não havia placas tectônicas se movendo, mas outros acreditam que elas existiam e que sua movimentação era mais intensa que hoje. Bactérias de 3,46 bilhões de anos bem preservadas foram encontradas na Austrália.
  • Mesoarqueano (3,2 a 2,8 bilhões de anos). No final desta era, o supercontinente Vaalbara começou a se partir. Os estromatólitos proliferavam na Terra.
  • Neoarqueano (2,8 a 2,5 bilhões de anos). Era em que a tectônica de placas pode ter sido bastante similar à de hoje. Há bacias sedimentares bem preservadas e evidência de fraturas intracontinentais, colisões entre continentes e eventos orogênicos de âmbito global bem disseminados. Pode ter surgido e sido destruído um supercontinente, se não vários. A água era predominantemente líquida e havia bacias oceânicas profundas que dariam origem a formações ferríferas bandadas, depósitos de chert, sedimentos químicos e basaltos na forma de pillow lavas (lavas em forma de almofadas).

Éon Proterozoico

O Proterozóico começou há 2,5 bilhões de anos e estendeu-se até 542 milhões de anos atrás. São dessa época rochas como as que formam o Gran Canyon, no Colorado (EUA).

Foi uma fase de transição, em que o oxigênio se acumulou na litosfera, formando óxidos, principalmente de silício e ferro. As camadas de óxido de ferro formaram-se sobretudo em torno de 2,5 a 2 milhões de anos.

Surgem os eucariontes e, um bilhão de anos atrás, muitos outros tipos de algas começaram a aparecer, incluindo algas verdes e vermelhas.

Cerca de 900 milhões de anos atrás os continentes estavam reunidos numa única massa, chamada Rodínia, que acabou se fragmentando no final desse éon, originando os paleocontinentes Laurentia (América do Norte, Escócia, Irlanda do Norte, Groenlândia), Báltica (parte centro-norte da Europa), Sibéria unida ao Cazaquistão e Gonduana (América do Sul, África, Austrália, Antártida, Índia, Península Ibérica - sul da França).

O Proterozóico é dividido em três eras:

  • Paleoproterozoico (de 2,5 a 1,6 bilhões de anos), quando surgiram os primeiros seres eucariontes.
  • Mesoproterozoico (de 1,6 a 1,0 bilhão de anos). Era em que se formou o supercontinente Rodínia (figura ao lado) e surgiu a reprodução animal sexuada.
  • Neoproterozoico (1,0 bilhão de anos a 542 milhões de anos). No final dessa era, termina o éon Proterozóico e a longa fase da história da Terra que se chamava até recentemenhte de Pré-Cambriano. Este nome compreende o conjunto dos três eóns mais antigos da história do nosso planeta, intervalo que abrange nada menos de 7/8 da história da Terra.

Dos períodos desse éon, merece destaque o mais recente, o Ediacarano, pela importância dos fósseis encontrados em rochas de Ediacara, no sul da Austrália, a chamada Biota Ediacarana. Ali, animais multicelulares marinhos, depois descobertos também em outras regiões, viveram cerca de 700 milhões de anos atrás. Aparentemente, essea animais sofreram extinção em massa ainda nesta era. O Neoproterozóico era chamado, até recentementre, de Vendiano.

Éon Fanerozoico

É o éon atual, iniciado há 542 milhões de anos. Fanerozóico significa vida visível, por ser o éon em que houve a grande explosão de vida no nosso planeta.

Está dividido em três eras – Paleozóico, Mesozoico e Cenozoico - e e a maior facilidade de encontrar rochas e fósseis desse intervalo da história do planeta permite subdividi-las em vários períodos, bem caracterizados.


Paleozoico

Era que vai de 542 a 251 milhões de anos. Corresponde a quase metade do éon Fanerozóico, com pouco menos de 300 milhões de anos.

Nela a América do Sul, África, Índia e Austrália estavam unidas, formando o Continente de Gondwana, e houve avanços e recuos (transgressões e regressões) do mar.

Foi a era em que se formaram as jazidas de carvão, tão importantes para a humanidade. No primeiro dos seus períodos, o Cambriano, os animais tiveram grande diversificação evolutiva, hoje chamada de “explosão cambriana”. No Permiano, porém, último período dessa era, ocorreu, ao contrário, a maior extinção em massa de formas de vida animais e vegetais verificada na Terra, com o fim, por exemplo, das Trilobitas.

No Paleozóico, estavam presentes todos os grandes grupos de invertebrados. No início desta era, os animais eram principalmente marinhos (graptólitos, trilobites, moluscos, briozoários, braquiópodes, equinodermos, corais, etc.).

A era Paleozóica durou 291 milhões de anos e está dividida em seis períodos geológicos: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano, do mais antigo para o mais recente.

No Ordoviciano, surgiram os peixes de água doce. No Siluriano, apareceram as plantas terrestres mais antigas que se conhece. No Devoniano, apareceram os insetos mais antigos e os anfíbios. No Carbonífero e no Permiano, houve grandes florestas, que deram origem às jazidas de carvão. Os répteis também surgiram no Carbonífero. Aves e mamíferos ainda não existiam nessa era.

Vários grupos de animais, como os trilobitas, e de plantas só viveram na Era Paleozóica.


Período Cambriano

Começou 542 milhões e terminou 488,3 milhões de anos atrás. Os climas do mundo eram suaves e não houve nenhuma glaciação. A maior parte América do Norte estava em latitudes tropicais e temperadas do sul, o que permitiu o crescimento de recifes. (Na gravura, a Terra no Cambriano)

Nesse período, aconteceu a maior diversificação da vida, evento conhecido como explosão cambriana, pois ocorreu num intervalo de tempo relativamente curto. Além de animais de corpo mole, surgem, no mar, outros, com carapaças duras, alguns com pernas e outros apêndices. Foi quando apareceu a maioria dos principais grupos de animais, entre eles os anelídeos, artrópodes, braquiópodes, equinodermos, moluscos e esponjas. O domínio era dos trilobitas (extintos no Permiano) e dos braquiópodes.

Os vegetais eram representados por algas marinhas apenas. A Terra não tinha, portanto, cobertura vegetal.


Período Ordoviciano

Iniciou há 488,3 milhões de anos e terminou 443,7 milhões de anos atrás. Neste período, a maior área continental era o continente de Gondwana, localizado no pólo Sul. Havia um grande oceano, o Pantalassa. (Na gravura, a Terra no Ordoviciano Médio). As rochas ordovicianas são geralmente argilitos escuros, orgânicos, com restos dos graptolitos, podendo ter sulfeto de ferro.

O clima do ordoviciano mostrava temperaturas médias e atmosfera muito úmida. No final, porém, formaram-se grandes geleiras, o que causou provavelmente as extinções maciças que caracterizam essa fase. Cerca de 60% de todos os gêneros e 25% dos invertebrados marinhos de todas as famílias foram extintos.

Os invertebrados marinhos foram os animais dominantes: graptozoários, trilobitas e braquiópodes. Com eles, viviam algas vermelhas e verdes, peixes primitivos, cefalópodes, corais, crinóides, e gastrópodes. Os graptozoários, comuns nesse período, são ótimos fósseis-guias pois delimitam zonas bioestrátigráficas.

Apareceram os primeiros vertebrados e animais gigantescos, como artrópodes marinhos de 2 metros, além dos primeiros peixes sem mandíbula e com pares de nadadeiras.


Período Siluriano

Período compreendido entre 443,7 milhões e 416 milhões de anos atrás. Foi marcado por derretimento das calotas polares e elevação do nível dos mares (Siluriano Médio na gravura).

Surgiram recifes de corais e os primeiros peixes com mandíbula. Os artrópodes invadiram o ambiente terrestre e, no final do período, apareceram animais e plantas em áreas continentais. É o período de surgimento dos amonites.



Período Devoniano

Começou há 416 milhões de anos e terminou 359,2 milhões de anos atrás. É o “Período dos Peixes”.

Nessa fase da história da Terra, apareceram plantas de pequeno porte e os corais atingiram o apogeu. Surgiram os primeiros anfíbios, licopsídeos, insetos voadores e pré-gimnospermas. Os graptólitos graptolóides extinguiram-se Devoniano Inferior. Os insetos tiveram grande desenvolvimento e peixes começam a deixar a água, com transformação de nadadeiras em quatro patas.

Na Alemanha, foi descoberto um escorpião marinho de 390 milhões de anos, que media 2,5 metros de comprimento (os atuais não chegam a 30 cm). Na gravura, a terra no Devoniano Inferior.


Período Carbonífero

Vai de 359,2 a 299 milhões de anos atrás. Nele, surgiram os Montes Apalaches, pelo choque da Europa e África com a costa leste dos Estados Unidos.

Na sua fase mais antiga, os graptólitos dendróides desapareceram da face da Terra. Foi o período de surgimento de grandes florestas e consequente formação das grandes jazidas de carvão (mas não as do Brasil). Árvores que caíam em pântanos eram soterradas sem se decomporem, pois havia pouco oxigênio. O soterramento levava a um aumento da temperatura, o que causava transformações químicas, resultando no carvão, através de várias etapas: turfa – linhito – hulha – antracito.

No final do Carbonífero, os répteis adquiriram a capcidade de se reproduzir em terra. A gravura acima msotra a Terra no Carbonífero Superior.


Período Permiano

Último período da Era Paleozóica, iniciado há 299 milhões de anos e encerrado 251 milhões de anos atrás. <Nele, os continentes uniram-se numa única massa, o supercontinente Pangéia (na gravura, nosso planeta no Permiano Supeior).

A fauna terrestre do período Permiano foi dominada por insetos semelhantes a baratas e animais que não eram nem répteis nem mamíferos e pertenciam ao grupo dos Synapsida. Nas águas doces, havia anfíbios gigantes e no mar, tubarões primitivos, moluscos cefalópodes, braquiópodes, trilobitas e artrópodes gigantescos conhecidos como Eurypterida ou escorpiões do mar eram os animais dominantes. As únicas criaturas voadoras do período eram parentes gigantes das libélulas.

A flora era caracterizada por árvores do gênero Glossopteris, cujos folhas são frequentemente encontradas nas camadas de carvão do sul do Brasil. Este é o fóssil mais antigo do período Permiano encontrado até hoje. Também répteis como o Mesosaurus são encontrados em camadas do Folhelho Irati, do permiano brasileiro.

O final do período é marcado por uma extinção em massa de proporções nunca antes ocorridas, quando 95% da vida na Terra desapareceu, evento conhecido como Extinção Permiana. Com ela, sumiram os trilobitas, e os répteis tiveram grande desenvolvimento, dominando a era seguinte, o Mesozóico.


Mesozoico

Era geológica do éon Fanerozóico que está compreendida entre 251 milhões e 65,5 milhões de anos atrás e que compreende os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo

Quando o Mesozóico começou, havia um único continente, a Pangéia. Ele viria depois a se fragmentar em dois, a Laurásia, ao Norte e o Gondwana, ao Sul. A ruptura da Pangéia foi acompanhada de extenso vulcanismo, e os basaltos que assim se formaram cobrem hoje uma extensão de 1.200.000 km2 no sul do Brasil e países vizinhos.

O clima era inicialmente árido, originando-se vasto deserto arenoso. A consolidação dessas areias, na forma de arenitos, rochas muito porosas e permeáveis, formou o que hoje chamamos de Aquífero Guarani, um vasto depósito de água subterrânea do sul do Brasil

É uma era conhecida sobretudo pelo surgimento, domínio e brusca extinção dos dinossauros, pterossauros e plesiossauros. No Mesozóico, eles conquistaram a Terra e desapareceram de modo repentino, provávelmente devido à queda de um enorme meteorito. Esse choque causou o que se acredita ser a segunda maior extinção em massa da terra, menor apenas que a do Permiano.

Os mamíferos desenvolveram-se nessa era, mas tinham. em geral, o tamanho dos atuais ratos. Os amonites também foram importantes nessa fase da história da Terra. Surgiram as primeiras aves e as primeiras plantas com flores (Angiospermas).


Período Triássico

O primeiro período do Mesozoico começou há 251 milhões de anos e terminou 199,6 milhões de anos atrás.

Nessa fase da história da Terra, a América do Sul possuía vastas áreas de desertos arenosos, cujas areias viriam a formar o Arenito Botucatu, principal rocha do Aqüífero Guarani. (Na gravura, a Terra no Triássico Inferior.).

Nesse período, os répteis dividiram-se em muitos grupos e ocuparam diversos habitats. Surgiram os primeiros dinossauros e os primeiros mamíferos ovíparos.

No Rio Grande do Sul, há uma grande área com rochas desse período (230 milhões de anos) que possui vários sítios paleontológicos, nas formações Santa Rita e Caturrita. Nesses sítios são encontrados os fósseis de antigos animais vertebrados como: Rincosaurus, Stauricosaurus, Guaibasaurus, Saturnalia tupiniquim, Sacisaurus e muitos outros.

A flora viu florescerem as coníferas, árvores de grande porte.


Período Jurássico

O segundo período do Mesozóico começou há 199,6 milhões de anos e terminou 145,5 milhões de anos atrás.

Foi o periodo em que a Pangéia começou a se dividir, originando a Laurásia (ao Norte) e o Gondwana (ao Sul). Este dividiu-se também, originando a África e a America do Sul (ver ao aldo como era Terra no Jurássico Inferior).

As maiores formas de vida que nele viveram foram os répteis marinhos (ictiossauros, plesiossauros e crocodilos), bem como os peixes.

Em terra, os grandes répteis (arcossauros) permaneceram dominantes. O Jurássico foi a idade de ouro dos grandes saurópodes, como o Apatosaurus e o Diplodocus. Eles foram alimento para grandes terópodes (Ceratosaurus, Megalosaurus e Alossaurus). Também no Jurássico surgiram os mamíferos marsupiais.

No ar, desenvolveram-se os primeiros pássaros, a partir de pequenos dinossauros, como o Compsognathus. Os pterossauros eram comuns.

Na flora, a novidade foi o surgimento das plantas com flores.


Período Cretáceo

O último período da Era Mesozóica começou há 145,5 milhões de anos e terminou 65,5 milhões de anos atrás. Nele, os continentes começaram a adquirir a atual conformação (na gravura, a terra no Cretáceo Superior) e os dinossauros alcançaram seu apogeu, sofrendo, porém, uma extinção em massa no final do período, quando desapareceram também muitas outras espécies animais e vegetais. Dos répteis, só restaram crocodilos, lagartos, tartarugas e cobras. A teoria mais aceita para explicar isso é a queda de um meteorito com 10 km de diâmetro na península de Yucatán, no México, o que levantou uma quantidade de poeira suficiente para cobrir a Terra por meses, matando as plantas, depois os dinossauros herbívoros e por fim os carnívoros.

Após o fim dos dinossauros, houve e a diversificação dos mamíferos (alguns tornaram-se enormes) e o auge do desenvolvimento das aves. Também no Cretáceo surgiram os mamíferos placentários primitivos e as plantas com flores.


Era Cenozoica

O Cenozoico é a era geológica que iniciou há 65,5 milhões de anos e que se estende até os dias atuais. Antigamente, era dividida nos períodos Terciário e Quaternário. Posteriormente, eles passaram a se chamar Paleogeno (o Terciário) e Neogeno (o Quaternário). Em maio de 2009, uma decisão da Comissão Internacional de Estratigrafia, ratificada, em junho, pela União de Ciências Geológicas, reabilitou o Quaternário, sem, todavia, extinguir o Paleogeno e o Neogeno.

Desse modo, o Cenozoico está agora dividido em três períodos: - Paleogeno (de 65,5 milhões de anos a 23,03 milhões de anos atrás), compreendendo as épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno.

- Neogeno (de 23,03 milhões de anos a 2,6 milhões de anos atrás), com as épocas Mioceno e Plioceno.

- Quaternário (de 2,6 milhões de anos atrás até ao presente), com as épocas Pleistoceno e Holoceno.

Foi no Cenozoico que a superfície da Terra assumiu sua forma atual. Houve muita atividade vulcânica e a formação das grandes cadeias montanhosas, como os Andes, os Alpes e o Himalaia.

O Cenozoico tem sido um era de resfriamento a longo prazo, com um leve aquecimento no Mioceno.

A Austrália separou-se completamente da Antártida durante o Oligoceno, terceira época do Paleogeno.

A América do Sul achava-se unida à América do Norte no início dessa era, mas separaram-se e assim ficaram durante grande parte do Cenozóico, voltando a se unir, através do istmo do Panamá. Isso explica certas característics da fauna do continente americano. No Cenozóico, apareceram 28 ordens de mamíferos, dezesseis das quais ainda vivem.

Por outro lado, a América do Norte manteve ligação com a Ásia durante grande parte da era.

A Austrália, que se isolara no Cretáceo, assim continua até hoje, o que explica sua fauna com características muito próprias.

No Eoceno, surgiu o cavalo primitivo, no hemisfério Norte. O cavalo atual apareceu na América do Norte, mas bem mais tarde.

No Pleistoceno, ocorreu uma grande glaciação no hemisfério norte e uma bem menor no hemisfério sul, daí ser essa época chamada de Idade do Gelo. .

Também no Pleistoceno, apareceu o hominídeo mais antigo que se conhece, o Homo heidelbergensis, há cerca de 450.000 anos. Para alguns autores, o Homo sapiens teria surgido há cerca de 250.000 anos, antes do Homo neanderthalensis. Outros autores falam em 150.000 anos e outros ainda, em mais de 300.000.

No Pleistoceno Inferior, viveram vários hominídeos, como Australopithecus, da África do Sul; Pithecanthropus erectus ou homem de Java; Sinanthropus pekinensis ou homem de Pequim. A antigüidade do homem no Brasil é assunto controvertido, admitindo-se que o Homem de Lagoa Santa cujos ossos aparecem nas mesmas grutas em que ocorrem animais extintos, seja do Pleistoceno.

No Brasil, foram encotrados fósseis de mamíferos plestocênicos em inúmeras localidades, e os achados mais famosos são os das grutas de Minas Gerais, pesquisados por Peter Lund.

Em Águas do Araxá (MG), foram descobertos mastodontes (Haplomastodon waringi), gliptodontes, tigres dentes-de-sabre (Smilodon) e toxodontes.


Período Paleogeno

Período da Era Cenozóica iniciado há 65,5 milhões de anos e encerrado 23,03 milhões de anos atrás. Divide-se nas épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno, da mais antiga para a mais recente.

É o período do aparecimento dos mamíferos modernos, com extinção das espécies arcaicas. Verificou-se evolução também das espécies pastadoras.

Na gravura, a Terra no Eoceno.


Período Neogeno

O Neogeno iniciou há 23,03 milhões de anos e se estende até 2,6 milhões de anos atrás. Divide-se nas épocas Mioceno e Plioceno, da mais antiga para a mais recente. A gravura ao lado mostra a terra no Mioceno.

É o período da expansão dos mamiferos de grande porte, embora muitos tenham tenham sido extintos, e do aparecimento dos hominídeos primitivos.

Na fase atual do Neogeno, o grupo animal dominante são os mamíferos.


Período Quaternário

Período inciado há 2,6 milhoes dee anos e que se estende até aos dias de hoje. Nele apareceu o Homo sapiens e na época atual do Quaternário, o Holoceno, o grupo animal dominante são os mamíferos.


O ano geológico

Os 4,54 bilhões de anos de idade do nosso planeta são um intervalo de tempo tão grande que é impossível a um ser humano captar seu real significado. Aliás, nem mesmo 1 milhão de anos podemos conceber o que seja. Por isso, uma das maneiras de torná-lo algo mais real e assimilável é comprimi-lo no intervalo de um ano, este, sim, um fragmento de história que conseguimos entender bem.

Assim, fazendo, obtém-se, por exemplo, as seguintes datas:

1º de janeiro – início da formação da Terra.

24 de fevereiro – formação das primeiras rochas.

24 de fevereiro a 17 de março – a Terra é muito bombardeada por meteoritos.

17 de março a 18 de abril - surgem os primeiros continentes. Em 28 de março já existem bactérias.

18 de abril a 20 de maio – formam-se estromatólitos por toda a Terra.

20 de maio a 13 de junho - há bacias sedimentares, evidências de fraturas intracontinentais, colisões entre continentes e eventos orogênicos de âmbito global bem disseminados.

13 de junho a 24 de agosto - surgem os primeiros seres eucariontes.

24 de agosto a 12 de outubro - surge a reprodução animal sexuada.

12 de outubro a 17 de novembro – surge a biota Ediacarana, entre 10 e 17 de novembro.

17 a 22 de novembro - o clima é suave em todo o mundo. Surgem os anelídeos, artrópodes, braquiópodes, equinodermos, moluscos e esponjas, entre outros anmais. Domínio dos trilobitas e dos braquiópodes. Vegetais são representados apenas por algas marinhas, não havendo cobertura vegetal na Terra.

22 a 25 de novembro - clima mostra temperaturas médias e atmosfera muito úmida. No final do período, porém, formaram-se grandes geleiras, provável causa do desaparecimento de cerca de 60% de todos os gêneros e 25% dos invertebrados marinhos de todas as famílias. Aparecem os primeiros animais gigantescos, artrópodes marinhos com 2 metros, e os primeiros peixes sem mandíbula e com pares de nadadeiras.

25 a 28 de novembro - derretimento das calotas polares e elevação do nível dos mares. Surgem recifes de corais e os primeiros peixes com mandíbula. Os artrópodes invadem o ambiente terrestre e, no final do período, aparecem animais e plantas em áreas continentais. Surgem os amonites.

28 de novembro a 2 de dezembro - aparecem plantas de pequeno porte e os corais atingem o apogeu. Surgem os primeiros anfíbios. Insetos têm grande desenvolvimento e peixes começam a deixar a água, com transformação de nadadeiras em quatro patas.

2 a 7 de dezembro - formação de grandes jazidas de carvão. Nos últimos dias desse intervalo, os répteis adquirem a capacidade de se reproduzir em terra.

7 a 11 de dezembro - os continentes unem-se e formam a Pangéia. Fauna terrestre é dominada por insetos semelhantes a baratas e animais que não são nem répteis nem mamíferos (os Synapsida). Nas águas doces, há anfíbios gigantes e no mar, tubarões primitivos, moluscos cefalópodes, braquiópodes, trilobitas e artrópodes gigantescos são os animais dominantes. Únicas criaturas voadoras são parentes gigantes das libélulas. Flora Glossopteris. Répteis como o Mesosaurus. No fim do intervalo, extinção de 95% da vida na Terra, acabando com os trilobitas, mas permitindo desenvolvimento dos répteis.

11 a 15 de dezembro - América do Sul é um vasto deserto arenoso. Os répteis dividem-se em muitos grupos e ocupam diversos habitats. Surgem os primeiros dinossauros e os primeiros mamíferos ovíparos. Florescem as coníferas.

15 a 19 de dezembro - Pangéia começa a se dividir. As maiores formas de vida são os répteis marinhos (ictiossauros, plesiossauros e crocodilos), bem como os peixes. Em terra, os grandes répteis (arcossauros) permanecem dominantes. No ar, desenvolvem-se os primeiros pássaros e os pterossauros são comuns. Surgem plantas com flores.

19 a 25 de dezembro - os continentes começam a adquirir a atual conformação e os dinossauros alcançaram seu apogeu, sofrendo, porém, uma extinção em massa às 18 h do dia 25. Surgem mamíferos placentários primitivos e plantas com flores.

25 a 29 de dezembro – surgem os mamíferos modernos, extinguindo-se as espécies arcaicas.

29 a 31 de dezembro - expansão dos mamiferos de grande porte, embora muitos tenham tenham sido extintos, e aparecimento dos hominideos primitivos, que usavam ferramentas. O Homo sapiens surge no dia 31 de dezembro, às 23h 36min 51s.


A Terra no futuro

As gravuras abaixo mostram como os cientistas imaginam como será: Terra daqui a 50 milhõess de anos. Terra daqui a 100 milhões de anos. Terra daqui a 250 milhões de anos.


Fontes

CARNEIRO, C. dal R. et al. A determinação da idade das rochas. Campinas, Terrae Didática, 2005. 1(1):6-35. il.

LISBOA, V. Et al. Tempo geológico. In: _____ -
Paleontologia – Répteis e dinossauros do Triássico gaúcho. Canoas (RS), Ulbra, 2008. 112p. il. p. 51-65.

REDEFINING Quaternary. Earth Mgazine (< http://www.earthmagazine.org/earth/article/22a-7d9-6-4 >). Acessado em 19.10.2009.

INTERNATIONAL Union of Geological Sciences.< http://www.stratigraphy.org/ >. Acessado em 19.10.2009.

Universidade Federal de Brasília - < Verbete Escala de tempo Geológico >Acessado em 26.12.2008

WIKIPÉDIA em português.

WIKIPÉIDA em inglês.

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