A Correta Denominação das Pedras Preciosas

A Correta Denominação das Pedras Preciosas

Há um grande número de pedras preciosas que são denominadas de modo incorreto, gerando muitas vezes confusões indesejáveis.

Muitas dessas denominações equivocadas, embora sejam encontradas nos livros e revistas sobre o assunto, não são usadas no Brasil. Outras há, porém, que costumam ser utilizados no nosso país.

Visando a esclarecer os consumidores e até mesmo profissionais do ramo menos experientes, relacionamos abaixo alguns dos erros mais freqüentes no Brasil.

BRILHANTE - a palavra brilhante designa um tipo de lapidação, não uma pedra preciosa. Como esse maneira de lapidar é a mais usada para o diamante, muita gente sempre chama essa gema de brilhante, o que está errado. Se o seu anel é feito com diamante, chame-o de anel de diamante.

CACOXENITA - Os cristais de ametista mostram, muitas vezes, no seu interior, agulhas pretas ou douradas de um mineral chamado goethita. Pensava-se outrora que essa goethita fosse outro mineral, a cacoxenita. Com isso, ainda hoje há quem chame a ametista com essas inclusões de cacoxenita, um erro que não se justifica.

CITRINO - O quartzo de cor amarela, laranja ou avermelhada deve ser chamado de citrino, mesmo que seja obtida por tratamento térmico da ametista. Não se deve usar denominações enganosas como topázio Rio Grande, topázio Bahia, topázio Palmeira e muitas outras existentes no comércio, pois a gema nada tem a ver com topázio exceto a semelhança na cor.

CRISTAL-DE-ROCHA - o quartzo incolor é chamado de cristal-de-rocha. Como a palavra cristal não designa nenhum mineral específico e pode se aplicar a muitas gemas (há cristais de ametista, cristais de granada, cristais de diamante, etc.), não chame o quartzo incolor, de cristal apenas, diga cristal-de-rocha.

GEMA SINTÉTICA - chama-se de gema sintética a pedra preciosa produzida em laboratório, mas que existe também na natureza. Difere da GEMA ARTIFICIAL porque esta, embora produzida pelo Homem, não tem uma correspondente natural. São sintetizadas, entre outras pedras, a esmeralda, o rubi, a safira e o espinélio. O diamante sintético com qualidade gemológica já existe e provavelmente aparecerá no mercado em pouco tempo. Exemplo típico de gema artificial é a zircônia cúbica.

LÁPIS-LAZÚLI - Algumas gemas são chamadas pelo nome certo, só que mals pronunciado. Este é um caso: diga e escreva lápis-lazúli, não lápis-lázuli. Diga também ágata, não agata.

ÔNIX - Do mesmo modo, diga e escreva ônix, não onix..

PEDRA PRECIOSA - As pedras usadas para adorno pessoal podem ser caras ou baratas. Isso, porém, não é motivo para que sejam divididas em preciosas e semipreciosas. Essa distinção é arbitrária, confusa e desnecessária. Por isso, diga sempre pedra preciosa, mesmo que se trate de uma gema de baixo preço.

QUARTZO - a popularização dos relógios de quartzo tornou freqüente no mercado a palavra quartz, que nada mais é que quartzo em inglês. Só que certas pessoas, não sabemos bem por que, evitam a forma portuguesa e ficam falando e escrevendo relógio a quartz.

AMETISTA-CITRINO - No Mato Grosso do Sul, ocorre uma interessantíssima variedade de quartzo que mostra as cores da ametista e do citrino (roxo e amarelo) em um mesmo cristal. Essa gema tem sido chamada de ametista bicolor, o que é inaceitável, já que a ametista tem que ter necessariamente a cor roxa, do contrário não é ametista. Outra denominação, menos errada mas também indesejável é ametrine. Embora traduza bem a natureza da gema, esse tipo de denominação é condenado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Chame, pois, essa pedra de ametista-citrino ou quartzo bicolor. É mais complicado, mas mais correto.

QUARTZO ENFUMAÇADO - o quartzo de cor cinzenta ou cinza-amarelada é muitas vezes chamado de topázio fumé. Repete-se aqui o mesmo tipo de erro relacionado com o citrino. O quartzo enfumaçado nada tem a ver com o topázio e chamá-lo de topázio fumé só serve para enganar o consumidor.

QUARTZO RUTILADO - há uma variedade de quartzo que mostra, no seu interior, agulhas douradas de um mineral chamado rutilo. Devido à cor desse rutilo, alguns comerciantes dizem que se trata de ouro, o que é um absurdo. Essa gema é um quartzo rutilado, e não quartzo com ouro. Outras denominações comuns para essa pedra preciosa são sagenita e cabelos-de-vênus, ambas também indesejáveis.

ZIRCÔNIA CÚBICA - das imitações do diamante, a mais comum e a que mais se parece com ele é a zircônia cúbica, facilmente encontrada no nosso comércio. Como existe zircônia natural mas com estrutura cristalina diferente, diga sempre zircônia cúbica, e não zircônia simplesmente.



LEMBRETES

GRANADA - o nome granada não designa uma gema, mas um grupo de gemas. As granadas mais importantes como pedras preciosas são piropo (a mais valiosa), almandina, espessartina, grossulária e andradita. Conforme a espécie, pode-se ter granada incolor, vermelha (a mais comum), amarela, marrom, preta e até verde (chamada demantóide).

TURMALINA - também é nome de um grupo de gemas, não de uma só. O comércio usa os nomes verdelita para a turmalina verde, rubelita para rosa ou vermelha, schorlita para a preta, acroíta para a incolor e indicolita para a azul (bastante rara).

PÉROLA CULTIVADA - as pérolas encontradas no comércio são praticamente todas cultivadas, não naturais. Lembre, porém, que pérola cultivada não é pérola artificial nem sintética. A sua formação é provocada pelo Homem, mas o molusco usa exatamente o mesmo processo que gera a pérola natural.



Fonte
BRANCO, Pércio de Moraes. Dicionário de Mineralogia e Gemologia. São Paulo, Oficina de Textos, 2008. 608p. il.
Texto: Geól. Pércio de Moraes Branco.
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