Pesquisa em Terra Indígena Yanomami identifica resíduos de mercúrio que afetam a saúde da comunidade local

Quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Pesquisa em Terra Indígena Yanomami identifica resíduos de mercúrio que afetam a saúde da comunidade local

O trabalho de coleta de material geológico faz parte do Programa de Geoquímica Ambiental conduzido pelo Serviço Geológico do Brasil, em parceria com a Fiocruz

Distribuição do livro de geologia médica do Programa SGBEduca aos tradutores da Comunidade Yanomami.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), participou do projeto ‘Impacto do Mercúrio em Áreas Protegidas e Povos da Floresta na Amazônia Oriental: Uma Abordagem Integrada Saúde-Ambiente’. O trabalho de campo aconteceu, de 8 a 16 de outubro, na Terra Indígena Yanomami, da Bacia Hidrográfica do Rio Mucajaí (RR). O objetivo foi coletar informações importantes para a área de Geologia Médica.

A geocientista do SGB-CPRM, Patrícia Duringer Jacques, participou das atividades de campo, sob liderança do pesquisador Paulo César Basta, da Fiocruz. Ela contou que foram coletadas amostras de material geológico (água fluvial e sedimento de corrente), de material biológico (cabelo, saliva e peixe), além da realização de avaliação clínica, neurológica, pediátrica e psicológica, por meio de entrevistas com a população indígena Yanomami (subgrupo Ninam), da Região do Alto Mucajaí.

Foram coletados materiais geológicos de de 14 pontos, previamente programados pelos pesquisadores em Geociências do Departamento de Gestão Territorial – DEGET, Eduardo Viglio e José Luiz Marmos, utilizando a metodologia desenvolvida pela equipe de Geoquímica Ambiental do SGB-CPRM.


Local de coleta na margem direita do Rio Mucajaí, com a presença de crianças brincando na areia e na água

Patrícia explicou que população local vem sendo exposta aos resíduos deixados pelo garimpo ilegal, presente na região, principalmente a contaminação por mercúrio no Rio Mucajaí que afeta a biota aquática, especificamente os peixes que são consumidos pela população indígena local. “À medida que o mercúrio vai se acumulando na cadeia trófica alimentar, o nível de exposição humana e ambiental vai aumentando, e os efeitos da exposição aguda e crônica começam a ser observados” esclareceu.

A equipe foi composta por 22 pesquisadores de formação multidisciplinar como geógrafo, geólogo, biólogo, psicólogo, enfermeiro, farmacêutico e médicos das seguintes especialidades: neurologia, pediatria, clínica geral, obstetrícia, infectologia e epidemiologia.


Local de coleta na margem direita do Rio Mucajaí.

O trabalho realizado de coleta de material geológico faz parte do Programa de Geoquímica Ambiental conduzido pelo DEGET, com foco na promoção do conhecimento da distribuição dos elementos traço e compostos inorgânicos, fornecendo subsídios à geologia médica, que estuda as variações regionais na distribuição dos elementos químicos, principalmente os metálicos e metaloides, seus comportamentos geológico-geoquímicos, as contaminações naturais e antropogênicas e os possíveis danos à saúde humana, animal e/ou vegetal por excessos ou deficiências de tais elementos.

A pesquisadora aproveitou o trabalho de campo e distribuiu, para os tradutores indígenas que auxiliaram a pesquisa em campo, exemplares do Livro de Geologia Médica ‘Dr. Pedrosa no Mundo da Geologia Médica’ - indicado para crianças, e que integra o Programa SGBEduca.


Coleta de sedimento de corrente. Como o material é constituído de seixos, foi necessário peneirar para coletar material argiloso.

Núcleo de Comunicação, com informações de Patrícia Duringer Jacques
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Ministério de Minas e Energia
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