Geoparques Quarta Colônia e Caçapava do Sul entram para Rede de Geoparques Globais da Unesco

Segunda-feira, 29 de maio de 2023

Geoparques Quarta Colônia e Caçapava do Sul entram para Rede de Geoparques Globais da Unesco

Pesquisas do Serviço Geológico do Brasil (SGB) contribuem para o reconhecimento de áreas que preservam a memória geológica e têm relevância internacional

Morro Agudo localizado no Geoparque Quarta Colônia (Foto: Michel Marques Godoy)
Os Geoparques Quarta Colônia e Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, receberam reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como geoparques mundiais. A inclusão das unidades na Rede de Geoparques Globais foi aprovada na última quarta-feira (24) pelo Conselho Executivo da Unesco.

Com as novas homologações, chega a cinco o número de geoparques brasileiros classificados como de relevância internacional. Estão na lista da Unesco o Geopark do Araripe (Ceará) e os Geoparques Seridó (Rio Grande do Norte) e Caminhos dos Cânions do Sul (Rio Grande do Sul). Essas unidades preservam materiais geológicos importantes para contar a história evolutiva do planeta. Em todo o mundo, há 195 geoparques reconhecidos, em 48 países.

Nesse processo para homologação dos geoparques brasileiros, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) exerce um importante papel ao atuar como indutor para o reconhecimento das áreas por meio do Projeto Geoparques. Ao longo dos últimos 20 anos, o SGB tem elaborado relatórios com identificação, levantamento, descrição, inventário e diagnóstico de geoparques potenciais do ponto de vista geocientífico e geoturístico.

No caso do Geoparque Quarta Colônia, o SGB apresentou, em 2012, uma proposta de criação que contribuiu para o reconhecimento da unidade que possui patrimônio fossilífero do período Triássico (leia aqui). Os pesquisadores do SGB também realizaram a identificação e catalogação de geossítios relevantes no território delimitado para ser o Geoparque Caçapava do Sul, entre eles o Geossítio Guaritas. Além disso, elaboraram proposta do Geoparque Guaritas-Minas do Camaquã que englobava os municípios de Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Bagé e Santana da Boa Vista.

Geoparque Quarta Colônia - O Geoparque está situado na região central do Rio Grande do Sul e compreende um consórcio de municípios formado pelos territórios de Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins.

Na região é possível encontrar fósseis de origem animal e vegetal diversificados que ajudam nas pesquisas da origem dos dinossauros e da evolução das coníferas em âmbito global. Entre eles, os dinossauros mais antigos já encontrados e cinodontes avançados que contam a origem dos mamíferos, datados entre 230 e 200 milhões de anos atrás, além de icnofósseis, em especial pegadas de tetrápodes e escavações de invertebrados.

Geossítio Pedra do Segredo no Geoparque Caçapava do Sul(Foto: Marcelo Goffermann)
Geoparque Caçapava do Sul - Localizado no extremo sul gaúcho, a área possui rica geodiversidade com a presença de rochas sedimentares marinhas e continentais com mais de 500 milhões de anos, além de fósseis de animais extintos, especialmente preguiças gigantes. No território, há também depósitos sedimentares de origem vulcânica (de 600 a 500 milhões de anos atrás) que mostram o processo evolutivo tectônico.

Geoturismo - O geólogo do SGB Marcelo Goffermann ressalta que “pertencer à Rede Global de geoparques da Unesco traz importantes subsídios para o fortalecimento do geoturismo nas regiões envolvidas”. Uma das razões é devido a notoriedade da Unesco que realiza rígido processo de avaliação para reconhecimento dos geoparques. Há também a possibilidade de troca de experiências com unidades de outros países.

Além disso, o reconhecimento dos geoparques impulsiona o desenvolvimento socioeconômico das comunidades. “O impacto sobre a cadeia produtiva é de extrema relevância, passando pelo setor primário, comércio e serviços, artesanatos, bem como atividades de recreação, como ecoturismo e hotelarias temáticas. Isso impulsiona a geração de renda e reconhecimento internacional do território geoparque e áreas adjacentes”, destaca Goffermann.

O geólogo do SGB Michel Godoy, acrescenta que os geoparques são formados essencialmente por moradores locais e turistas. “Através da ocupação racional do território, impulsionam a atividade econômica sustentável por meio do geoturismo que contribui para a preservação do patrimônio. Sem contar a atividade científica permanente que justifica a importância da preservação de cada geossítio inserido nos territórios do geoparque.”

Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
Imprensa@sgb.gov.br
  • Imprimir