Saiba Mais - Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas - RIMAS

Saiba Mais - Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas - RIMAS

A rede de monitoramento das águas subterrâneas foi concebida, projetada e implantada pelo em consonância com suas atribuições de Serviço Geológico do Brasil - SGB/CPRM, considerando-se a necessidade de ampliação dos conhecimentos relativos aos principais aquíferos do Brasil e a exigência, constante em vários instrumentos legais como importante ferramenta para subsidiar a gestão dos recursos hídricos subterrâneos, efetuada pelos órgãos gestores estaduais.

Esta rede é de natureza essencialmente quantitativa, consistindo de poços construídos pelo SGB e de poços cedidos por empresas de abastecimento, nos quais foram instalados equipamentos automáticos de medidas de nível d’água. A RIMAS também contempla um sistema de acompanhamento e alerta da qualidade da água dos seus poços, o qual envolve análises químicas completas, até onde é possível em conformidade com a resolução CONAMA nº 396/2008, sendo realizadas quando da instalação do poço de monitoramento e a cada cinco anos. Já as análises in loco, com frequência anual ou bianual, consistem no levantamento de oito parâmetros considerados indicadores.

Em vista da importância de se trabalhar conjuntamente os dados de nível d’água e de pluviometria, foram instaladas plataformas automáticas coletoras de dados (PCD) - que registram chuva, umidade relativa e temperatura do ar - próximas aos poços que não têm estações pluviométricas da Rede Hidrometeorológica Nacional - RHN.

As parcerias têm um papel importante no desenvolvimento do projeto, dado que permitem a troca de conhecimentos, a identificação de demandas e a otimização de recursos humanos e financeiros. Além disso, esses mecanismos de integração e articulação interinstitucional favorecem a gestão dos recursos hídricos. Nesse sentido, foram estabelecidos acordos ou parcerias com empresas de abastecimento, visando principalmente à obtenção de poços existentes para serem incorporados à rede.


Justificativa

As principais premissas que orientaram a implantação da rede de monitoramento pelo SGB/CPRM e que demonstram a sua grande importância para o conhecimento e gestão dos recursos hídricos no país são:

  • Fatores como crescimento demográfico e alterações climáticas impõem fortes pressões sobre os recursos hídricos, tornando de forma crescente, mais complexa e difícil a tomada de decisões quanto à alocação de água.
  • O êxito da gestão integrada das águas depende do conhecimento e da compreensão da disponibilidade, em quantidade e qualidade, bem como dos usos e demandas dos recursos hídricos. Nesse contexto, há uma noção geral de que a água subterrânea representa uma importante reserva de água doce e com grande potencial para o atendimento de parte do abastecimento atual e futuro. Entretanto, o grau de conhecimento hidrogeológico no Brasil é fragmentado e ainda insuficiente para a determinação da real potencialidade hídrica, da intensidade de explotação e de identificação de contaminações antropogênicas.
  • A abordagem segmentada/separada dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos já não é considerada acertada e viável, sendo percebidos como essenciais a análise e o tratamento integrados para a adoção de uma gestão eficiente, equitativa e sustentável que permita lidar de maneira adequada a questão de demandas conflitantes.
  • Os sistemas de água subterrânea são dinâmicos e respondem a curto e longo prazo às mudanças climáticas, à explotação e às formas de uso e ocupação dos terrenos. Assim sendo, as medidas sistemáticas obtidas em uma rede de densidade adequada fornecem dados essenciais para avaliar essas interferências, para contribuir com o desenvolvimento de modelos de fluxo preditivos e, finalmente, para subsidiar planejamento, implantação e avaliação da eficácia dos procedimentos de gestão.
  • Atualmente a deficiência no conhecimento hidrogeológico tem se sobressaído em função de severas crises hídricas que têm atingido várias regiões do país. Nesse contexto, o monitoramento das águas subterrâneas se destaca como um procedimento fundamental para a obtenção de dados e informações requeridas.
  • O papel do monitoramento na caracterização hidrogeológica, bem como no suporte às medidas de proteção e conservação e, consequentemente, ao processo de gestão encontra-se estabelecido em diversos instrumentos legais, dentre os quais merecem destaque: as resoluções nº 22/2002 e nº 107/2010 do CNRH e nº 396/2008 do CONAMA, bem como o Programa Nacional de Águas Subterrâneas (MMA, 2009), evidenciado como sendo uma das três ações requeridas para a ampliação do conhecimento.

Objetivos

O objetivo geral estabelecido para a rede RIMAS é ampliar a base de conhecimento hidrogeológico dos aquíferos brasileiros e acompanhar as alterações espaciais e temporais na qualidade e quantidade das águas subterrâneas, para fins de gestão integrada de recursos hídricos. Como objetivos específicos, podem-se enfatizar os seguintes aspectos:

  • Promover uma avaliação confiável da condição quantitativa dos corpos de água subterrânea, incluindo a avaliação da disponibilidade do recurso hídrico subterrâneo.
  • Estabelecer avaliações de tendências de longo prazo, tanto como resultado de mudanças nas condições naturais quanto derivadas de atividades antropogênicas.
  • Definir o estado qualitativo dos corpos d’água (fundo natural).
  • Identificar tendências significativas de crescimento na concentração de poluentes e no aumento do rebaixamento do nível d’água.
  • Avaliar a reversão das tendências nas condições qualitativas e/ou quantitativas após a implantação de medidas mitigadoras.
  • Estabelecer o grau de interação entre águas subterrâneas e águas superficiais.

Atividades

O planejamento, a estruturação e a operação do programa de monitoramento integrado de águas subterrâneas obedecem ao cumprimento de diversas atividades sequenciais ou simultâneas. Desse modo, as diversas unidades regionais do SGB responsáveis pela implantação e operação da rede monitoramento foram devidamente estruturadas tanto em termos de equipamentos e materiais quanto de recursos humanos para sua execução. Os executores regionais foram habilitados, por meio de vários treinamentos internos, para a realização de todos os procedimentos inerentes à RIMAS. Além disso, padrões e normas foram elaborados para garantir o controle, a eficiência, a segurança e a reprodutibilidade dos processos, bem como a qualidade dos dados.

Passa-se a seguir a descrição sucinta dos principais procedimentos adotados na implantação e operação da rede.

  • Etapa de planejamento para implantação das estações de monitoramento (e.g seleção de aquíferos prioritários, identificação de áreas de interesse).
  • Seleção de locais apropriados, seguindo critérios específicos, para a construção dos poços.
  • Construção dos poços.
  • Instalação de equipamentos (medidores automáticos de nível d’água e plataformas coletoras de dados de chuva, umidade relativa e temperatura do ar).
  • Avaliação de poços cedidos pelas empresas de abastecimento passíveis de serem incorporados à rede.
  • Etapa de operação das estações de monitoramento (extração de dados, coleta de amostras de água; manutenção de equipamentos e das estações).
  • Análise laboratorial das amostras para parâmetros orgânicos e inorgânicos, conforme a resolução CONAMA 396.
  • Consistência, armazenamento e divulgação dos dados no seguinte site do SGB: Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas - Rimas.

Estágio Atual

A rede de monitoramento conta com mais de 400 poços, em 24 aquíferos, em sua porção livre, além de algumas unidades confinadas e semiconfinadas, coberturas sedimentares indiferenciadas e aquíferos cristalinos. Possui aproximadamente 100 plataformas de coleta automática de dados de chuva, temperatura e umidade relativa do ar, próprias do projeto. E está presente em 22 unidades federativas brasileiras.

Área de recarga dos aquíferos com poços de monitoramento

Produtos

Os dados gerados na RIMAS, consistidos e sintetizados, constituem o principal produto do monitoramento. Esses dados estão sendo disponibilizados no site Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas - Rimas.

A evolução do nível d'água pode ser visualizada em gráficos analíticos e temporais, com a possibilidade de download de acordo com o período desejado. Há ainda um módulo cartográfico constituído de várias camadas de interesse, como: poços em operação e desativados, aquíferos monitorados, isoietas e estações pluviométricas RIMAS. Estudos estão sendo desenvolvidos no SGB para análise e interpretação dos dados para geração de informações. Como exemplo, temos o trabalho de avaliação da estiagem prolongada nos níveis de água subterrânea do Aquífero Urucuia, cujas análises e conclusões encontram-se no Sistema de Alerta de Eventos Críticos - SACE: Acompanhamento da Estiagem - Relatório 2.


Benefícios

Como principais benefícios gerados a partir dos dados resultantes do monitoramento das águas subterrâneas, destacam-se:

  • Ampliação do conhecimento hidrogeológico: monitoramento e análise crítica dos dados hidrogeológicos com a indicação da disponibilidade, dos aspectos qualitativos, dos impactos, das pressões e das causas de problemas e conflitos.
  • Gerenciamento de um sistema de informações de recursos hídricos subterrâneos: todos os dados gerados são armazenados, analisados e interpretados no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas – SIAGAS, criado, gerenciado e em fase de modernização pelo SGB. A disponibilização dos dados é feita no site Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas - Rimas.
  • Introdução do fator água nas políticas, estratégias e planos nacionais ou estaduais de desenvolvimento: a partir do conhecimento gerado pelo monitoramento, a água, como recurso hídrico ou ambiental, poderá ser adequadamente considerada nos planos de ordem econômica ou social.
  • Estabelecimento de diagnósticos e prognósticos com relação às alterações resultantes de mudanças climáticas: o monitoramento tem uma função preventiva e preditiva, fornecendo informações necessárias para a tomada de decisões com relação, por exemplo, a eventos severos e prolongados de estiagem.
  • Suporte aos estudos interpretativos em recursos hídricos: esse conhecimento pode facilitar o encaminhamento de respostas mais precisas e rápidas frente aos problemas atuais de exploração/uso das águas subterrâneas.
  • Implantação da gestão integrada dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos: por meio do monitoramento e da análise conjunta de dados hidrológicos, climatológicos e hidrogeológicos pode-se implantar de forma efetiva a gestão integrada, resultando na conservação eficiente dos recursos hídricos, na equidade da alocação de água e na sustentabilidade ambiental.

Conclusão

A continuidade e expansão do monitoramento das águas subterrâneas realizada pelo SGB se faz essencial para a ampliação do conhecimento a respeito dos aquíferos e para a avaliação da influência exercida por fatores diversos, tais como o crescimento demográfico, a explotação intensiva e as alterações climáticas. Essas informações fornecem subsídios fundamentais para o planejamento, a implantação e a avaliação da eficácia dos procedimentos de gestão.

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