Cooperação Brasil – Suriname

Cooperação Brasil – Suriname

Presidida pelo Diretor-Geral da Agência Brasileira de Cooperação - ABC, do Ministério das Relações Exteriores - MRE, realizou-se em 04 de fevereiro de 2009, em Brasília, a reunião preparatória objetivando, além de fortalecer a relação bilateral Brasil-Suriname, identificar áreas de demandas mútuas para subsidiar o planejamento da missão multidisciplinar de cooperação do Governo Brasileiro ao Suriname, prevista para março de 2009. A iniciativa abrangem diversas linhas de conhecimento, e os projetos propostos e aprovados seriam desenvolvidos com recursos financeiros da ABC/MRE oriundos do PNUD.

Nesse contexto, a ABC/MRE convidou para participar da referida reunião representantes de diversas instituições, para colaborar com soluções em áreas de diversificada demanda, relacionada a problemas atuais existentes na faixa fronteiriça Brasil-Suriname. Com relação à área Geologia e Mineração, participaram representantes da SGM/MME e da área internacional do SGB, os quais acordaram propor um projeto de mapeamento geológico na área de fronteira entre os dois países, em continuidade ao Programa Integração Geológica e de Recursos Minerais em Áreas de Fronteiras, da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral – SGM, e inserido no Programa COMISTA Brasil-Suriname, coordenado pela ABC/MRE.

A representante do SGB defendeu a proposta e justificou a aplicação e extensão da sistemática de trabalho empregada pelo SGB nas áreas de fronteiras Brasil-Guiana Francesa (projeto concluído), Brasil-Argentina-Paraguai-Uruguai (projeto em execução), e Brasil-Peru (projeto em implantação), que tem por base a integração geológica, suportada por levantamentos aerogeofísicos, complementada pelo cadastramento dos recursos minerais, organização dos dados e desenvolvimento de Sistema de Informações Geográficas (SIG).

Em março de 2009, uma missão multidisciplinar, organizada pela ABC/MRE viajou a Paramaribo, Suriname, a fim de discutir, elaborar e propor projetos de cooperação técnica a serem executados por instituições dos 02 (dois) países. Atendendo à solicitação da ABC/MRE 02 (dois) técnicos do SGB, chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais e o Superintendente Regional de Manaus, participaram da missão. Compondo o Grupo de Trabalho (GT) Geologia e Mineração, técnicos do SGB e 02 (dois) representantes do Geological and Mining Service of Suriname – GMD (Geologishe Mijnbouwkundige Dienst – GMD) elaboraram e consolidaram a proposta Projeto Mapeamento Geológico e da Geodiversidade na Fronteira Brasil-Suriname. Em seguida, a proposta foi aprovada para execução pelo SGB e a GMD.

O projeto visa ao mapeamento da área de fronteira entre Brasil e Suriname, numa extensão de 450 km, adentrando 50 km para cada lado da fronteira. A área de estudo está inserida na Folha SA.21-Tumucumaque, escala 1:1.000.000. Sugeriu-se o projeto adotar a sistemática que o SGB vem empregando nos projetos de mapeamento geológico em áreas fronteiriças, fundamentada em dados de levantamentos aerogeofísicos de alta resolução, com produtos digitalizados e organizados em GIS.

Além de importante contribuição para a geologia da Amazônia, os resultados obtidos pelo projeto representarão relevante avanço para o Mapa Geológico da América do Sul (SIG América do Sul 1:1M), para o Projeto da Comissão da Carta Geológica do Mundo – CGMW e para o Mapa Geológico do Mundo em formato GIS, este com acessibilidade através do portal do Projeto OneGeology.

No início de 2010 a proposta do projeto foi firmada pelas Partes – CPRM, GMD e ABC/MRE. Entretanto, por problemas de ordem financeira o SGB postergou o início das atividades do projeto. Somente, em outubro de 2011 o projeto foi implantado durante o encontro Brasil-Suriname ocorrido na Superintendência Regional do SGB, em Belém, Pará. Na oportunidade abordou-se a futura integração da geologia do Suriname ao Mapa Tectônico da América do Sul, escala 1:5.000.000, desenvolvido para a CGMW.Em junho de 2011, técnicos da área de Geoprocessamento do SGB ministraram na Superintendência Regional de Belém, em cumprimento ao programa do projeto, o curso “Capacitacao de Pessoal na Aplicação de SIG” para técnicos surinameses. O treinamento contemplou o uso do software ArcGIS.10, programa utilizado pelo SGB para mapeamentos geológicos em Sistema de Informações Geográficas (SIG). Como parte do treinamento, houve também apresentação do Banco de Dados Geológicos do SGB (GeoSGB) e do ArcExibe, programa desenvolvido para visualização dos produtos elaborados pelo SGB e disponibilizados em SIG. No final do curso, foi realizada reunião entre os chefes do projeto, tanto do lado brasileiro com do lado surinamês, para discussao do cronograma de execucao das etapas seguintes.

Em agosto de 2011 o representante do Governo do Ministério de Recursos Naturais do Suriname e do Geological and Mining Service do Suriname – GMD visitou o SGB, no Escritório do Rio de Janeiro, objetivando discutir e analisar a execução das atividades do Projeto Mapeamento Geológico e de Geodiversidade na Fronteira Brasil–Suriname. Na reunião o representante surinamês reconheceu a importância socioeconômica do projeto para o desenvolvimento de ambos os países, realçou a relevância e a urgência da execução do projeto para a harmonização do conhecimento geológico na região do Cráton das Guianas, e enfatizou a necessidade de se estender a sistemática a ser aplicada na área de fronteira Brasil-Suriname para todo o território surinamês. Por outro lado, o representante do Suriname descreveu as dificuldades por parte do GMD para atender com propriedade esses compromissos, em função da indisponibilidade de pessoal e facilidades estruturais para desenvolver as atividades de acordo com o programado, e solicitou a colaboração do SGB.

O SGB por sua vez fez as seguintes considerações sobre a demanda do Suriname:

(i)A prioridade do momento é a execução do Projeto Mapeamento Geológico e de Geodiversidade na Fronteira Brasil–Suriname, em execução, cujas atividades de campo devem ter início em outubro de 2011, conforme cronograma do projeto.

(
ii)A extenção da sistemática de trabalho, ora em aplicação na área de fronteira, para todo o território do Suriname, deverá ser objeto de um novo projeto a ser submetido oportunamente para a ABC/MRE para se analisar a sua inserção no Programa COMISTA Brasil-Suriname.

(iii)Em atendimento, o SGB viabilizariam o treinamento para técnicos do GMD em processamento de dados pré-existentes para a elaboração do mapa geológico preliminar em GIS.

Neste contexto, foram analisados e ressalvados pelas Partes a importância da Cooperação Brasil-Suriname, em especifico a relevante oportunidade para o SGB e GMD trabalharem em parceria, bem como os benefícios para ambos os países advindos da execução deste projeto, além da importância econômica da área em estudo, merecendo destaques:

(i)O Suriname tem o seu território mapeado geologicamente em escala de detalhe, 1:100.000 e 1:40.000, em formato analógico, disponível para ser organizado e formatado em Geography Information System – GIS.

(ii)O Brasil, ao contrário, na área de fronteira com o Suriname, as informações sobre mapeamento geológico encontram-se em escala 1:1.000.000, com raras informações de detalhes, embora os dados estejam arquivadas em formato GIS.

(iii)No lado brasileiro dados de aerogeofísica (mangetometria e espectrometria), de alta resolução, estão disponíveis para suportar o mapemento geológico, enquanto que no Suriname este levantamento não foi realizado.

(iv)A área em estudo está inserida no Craton das Guianas, uma das regiões mais insificientemente conhecidas na Amazônia sob o ponto de vista geológico, não obstante a existência de uma importante Província Mineral – Província Transamazônica, onde depósitos minerais de Classe Internacional ocorrem, como exemplo o Depósito de Ouro Gross Rose Bell no Suriname.

(v)A importância econômica do Suriname, e a similiaridade potencial com o Brasil, não está limitada ao ouro, merecendo destaque, entre outras subtâncias, a bauxita, quando ambos os países são grandes produtores mundiais.

Com base nesta avaliação conjunta, e diante da necessidade da GMD em avançar na organização das informações em GIS para finalizar o Mapa Geológico Preliminar em GIS, foi acordado que o SGB, atravês da Superintência Regional em Belém, Pará, propocionaria treinamento a um técnico da GMD, sobre o processando em GIS dos dados da área em estudo durante um mês, para agilizar o trabalho de conclusão do mapa preliminar, necessário para o planejamento das atividades de campo.

Em fevereiro de 2013, o Diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB promoveu reunião no SGB, no Rio de Janeiro, com a chefia da Assessoria de Assuntos Internacionais e a responsável técnica pela execução do projeto, visando reavaliar as atividades em desenvolvimento, bem como propor ajustes do cronograma físico-financeiro. Assim sendo, o SGB decidiu após a realização da etapa de campo a ser realizada em outubro de 2010, fosse dado prosseguimento aos trabalhos de integração de dados para o enriquecimento e aprimoramento do Mapa Geológico em GIS elaborado pelas equipes do Brasil e do Suriname, com o objetivo de concluir o Mapa Geológico Final e elaborar o Relatório Final (Nota Explicativa), encerrando-se assim os trabalhos do projeto.

Em outubro de 2013, técnicos do SGB e do Geological Mining Service of Suriname (GMD) realizaram etapa de campo ao longo da fronteira Brasil-Suriname para consistência de informações e dados, coleta de amostras (para análises petrográficas, químicas e geocronológicas) e integração aos dados pré-existentes para realização do mapa geológico e da geodiversidade da fronteira Brasil-Suriname.
Em 2014, as equipes do SGB e do GM desenvolveram em conjunto a elaboração dos mapas integrados de geologia e da geodiversidade, na escala 1:1.000.000, com base nos dados de campo, coleta de amostras e análises laboratoriais provenientes das áreas fronteiriças em estudo, coletados em 2013. Aguarda-se a conclusão do projeto e remessa do Relatório Final para ser remetido à ABC, coordenadora do projeto.





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