Cooperação Brasil – Argentina

Cooperação Brasil – Argentina

As ações de cooperação técnica com a Argentina tiveram início em 1994, com a divulgação das atividades do SGB na condição de Serviço Geológico do Brasil - SGB/CPRM, dando ênfase principalmente à região do Mercosul. No final daquele ano, ocorreu na cidade de Uruguaiana um encontro promovido pela Agência Brasileira de Cooperação – ABC/MRE, tendo como principais objetivos:

  • Contribuir com a implementação das decisões relativas à área do Mercosul.
  • Dar oportunidades de articulação entre as entidades de ambos países.
  • Transmitir as experiências já vivenciadas da integração regional fronteiriça.
  • Organizar futuras ações nas questão de fronteiras. Nesse contexto, as ações foram inseridas no Programa Comissão Mistas Brasil-Argentina, financiado pela Agência Brasileira de Cooperação – ABC e pelo Fundo Argentino de Cooperação Horizontal – FOAR, sendo também parte do Programa Mapeamento Geológico em Áreas de Fronteiras da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral – SGM/MME.

Iniciado em 2008, o Projeto Mapeamento Geológico e de Recursos Minerais em Áreas de Fronteiras tem por objetivo a integração de dados geológicos e de recursos minerais em áreas fronteiriças, aprimorando e compatibilizando metodologias de trabalho e capacitando técnicos. A área do projeto compreendeu três folhas na escala 1:1.000.000: a Folha SH.21 - Uruguaiana, abrangendo parte de Argentina, Brasil e Uruguai; a Folha SG.21 - Asunción, compreendendo Brasil e Argentina; e a Folha SG.22 - Curitiba, correspondendo a Brasil e Argentina. A execução do projeto esteve sob a responsabilidade do SGB e do Servicio Geológico Minero Argentino – SEGEMAR. Em agosto de 2008, em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, na implantação do projeto, realizou-se reunião entre representantes do SEGEMAR, do Serviço Geológico do Uruguai - DINAMIGE e do SGB para integração dos dados geológicos da Folha SH.21 - Uruguaiana.

Em 2008, técnicos do SGB ministraram curso sobre a aplicação de técnicas em GIS no mapeamento geológico, realizado no SEGEMAR, em Buenos Aires, Argentina, propiciando capacitação de profissionais e troca de informações. No mesmo ano ocorreu um curso sobre geodiversidade para uniformizar procedimentos. Este treinamento envolveu duas viagens ao campo nos territórios argentino e uruguaio, além da transferência da metodologia de coleta de informações in situ para a elaboração do mapa de geodiversidade. Durante os trabalhos de campo foram percorridas áreas compreendidas entre as cidades de Puerto Iguazu, Eldorado e Bernardo de Irigoyen na Argentina; além de Foz do Iguaçu, Toledo, Cascavel, Guaraniaçu, Medianeira, Missal, Santa Helena, Marechal Candido Rondon, Palotina, Quatro Pontes, Laranjeiras do Sul, Nova Prata do Iguaçu, Barracão, São Miguel do Oeste e Frederico Westphalen, todas no Brasil, totalizando mais de 3.000 km percorridos. Além de técnicos envolvidos na execução do projeto, participaram também do treinamento geólogos do Servicio Nacional de Geologia y Minería do Chile – SERNAGEOMIN. No final de 2008, foi concluída a Folha SH.21 - Uruguaiana, com aplicação de técnicas GIS em mapeamento geológico e integração de recursos minerais.

Em prosseguimento, em setembro de 2009, objetivando o mapeamento geológico uniforme e a integração de dados nas áreas das Folhas SG.21 - Asunción e SG.22 - Curitiba, foi realizada a primeira etapa de campo na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, com levantamento geológico e temático, visando à correlação e à integração dos dados coletados pelo SGB e pelo SEGEMAR. As observações de campo, associadas às subdivisões dos derrames de basalto da Formação Serra Geral, em cinco fáceis distintas, permitiram o reconhecimento dessas faciologias (variações litológicas) no campo, possibilitando a elaboração da cartografia dessas rochas na fronteira entre Argentina e Paraguai.

Concluído em 2011, entre os diversos resultados obtidos pelo projeto nas áreas de fronteiras, correspondente às três folhas, merece destaque a definição de um método de trabalho de consenso que permite o mapeamento integrado e sistemático em áreas fronteiriças, onde equipes técnicas de distintos Serviços Geológicos Nacionais (CPRM, SERGEMAR e DINAMIGE) elaboram mapas geológicos, integrados em áreas contíguas. O resultado final do trabalho constitui-se uma relevante colaboração para o Projeto Mapa Geológico da América do Sul, escala 1:1.000.000 (SIG América do Sul), da Comissão da Carta Geológica do Mundo – CGMW e, consequentemente, para o OneGeology Project – mapa geológico digitalizado no Mundo. Na ocasião foi definida e testada a sistemática de trabalho que será adotada pelos diversos serviços geológicos sul-americanos durante o projeto SIG América do Sul.

Em 2008, foi implantado o Projeto Intercâmbio de Metodologias para Sistemas de Informação de Água Subterrânea com base no Acordo de Cooperação Técnica Brasil-Argentina, parte também da Comissão Mista Brasil-Argentina, financiado pela Agência Brasileira de Cooperação – ABC e pelo Fundo Argentino de Cooperação Horizontal – FOAR. Objetivou a capacitação de técnicos argentinos e fundamentou-se no memorando de entendimento assinado em 1995 entre o SGB e a Subsecretaria de Recursos Hídricos da Argentina – SSRH. O documento tem por objetivos: (i) aprimorar o conhecimento técnico sobre aspectos hidrogeológicos; (ii) capacitar técnicos; (iii) intensificar intercâmbio de informações entre as instituições; e (iv) compartilhar experiências e métodos de estudo na realização do inventário de poços na região de fronteira desses dois países.

Após a análise do cronograma estabelecido para o projeto, foram abordados os seguintes itens: nível de conhecimento dos recursos hídricos das instituições CPRM e SSRH, envolvidas na execução do projeto; capacitação dos técnicos argentinos nos sistemas de informação em águas subterrâneas; e realização de seminários para aprimoramento do conhecimento técnico, dos aspectos metodológicos, das estruturas das bases de dados hidrogeológicas e dos recursos de águas subterrâneas, disponíveis em ambas as instituições.

Em prosseguimento, em março de 2009, realizou-se no Escritório do Rio de Janeiro do SGB um seminário sobre “Informações Hidrogeológicas e Inventário de Poços”, com participação de seis técnicos do SGB e seis técnicos de instituições argentinas. O programa compreendeu, entre outros temas, a integração de dados hidrogeológicos e a correlação do conhecimento sobre recursos hídricos disponíveis nas áreas de fronteiras entre esses dois países. Nesse evento, foi definido o período de 13 a 17 de abril de 2009 para que a missão técnica do SGB viajasse a Buenos Aires e atendesse à etapa seguinte: Intercâmbio de Especialistas em Águas Subterrâneas. Entretanto, por solicitação da representação argentina, a atividade foi postergada por duas vezes consecutivas. Entre março e junho de 2009, o SGB fez várias tentativas de retomada dos trabalhos, até que o projeto foi interrompido por recomendação do SGB à ABC, que decidiu pelo encerramento do projeto.

Em 2011, dando continuidade às ações do Programa Comissão Mista Brasil-Argentina, financiado pela ABC e pelo FOAR, durante a III Reunião da Comissão Mista de Cooperação Técnica Brasil-Argentina, realizada em Buenos Aires, foi estabelecida a continuidade na cooperação e aprovada a proposta do Projeto Implementação de uma Metodologia em SIG para a Cartografia Geológica e Temática ao Milionésimo e sua Aplicação no Projeto SIG América do Sul 1:1 M. Os objetivos do projeto eram:

  • Implementação de metodologia em SIG para a Cartografia Geológica e Temática ao Milionésimo, com levantamento dos recursos minerais e sua aplicação no Projeto SIG América do Sul 1:1 M.
  • Contribuição na elaboração do Mapa Geológico ao Milionésimo da América do Sul, projeto que vem sendo desenvolvido sob a égide da Asociación de Servícios Geológicos y Mineria Iberoamericanos – ASGMI e do Subgrupo nº 15 – Geologia y Mineria do MERCOSUL.
  • Aprimoramento e homogeneização do conhecimento técnico dos aspectos geológicos dos recursos minerais e geoambientais nos países sul-americanos, com foco na integração dos dados, fundamentada em tecnologia de GIS.
  • Integração entre os países limítrofes na América do Sul, fortalecendo as relações bilaterais e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do continente sul-americano. Não obstante aprovação do projeto pelas partes, ABC e FOAR, por falta de recursos financeiros a FOAR propôs postergar a implantação do projeto por tempo indeterminado.

Em março de 2012, uma equipe de técnicos do SGB participou de reunião de trabalho do Projeto Mapa Tectônico da América do Sul, escala 1: 5.000.000, realizada em Buenos Aires. O projeto é coordenado pela Comissão da Carta Geológica do Mundo - CGMW e pela Associação de Serviços Geológicos e Mineiros Ibero-americanos - ASGMI, executado pela Universidade de São Paulo - USP e pelos serviços geológicos do Brasil e da Argentina. Na reunião foram discutidas inúmeras questões relativas aos aspectos de geoprocessamento e de interpretação tectônica e foram elaboradas e corrigidas as tabelas de atributos e shapes, bem como discutida a impressão do first draft do mapa, e a impressão final prevista para 2015.




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